Bengala inteligente criada por alunos do ProfiTec/Uema alia tecnologia e inclusão social


Por em 20 de outubro de 2025



                                     

Com o propósito de unir tecnologia e inclusão, estudantes do curso superior de Tecnologia em Redes de Computadores do Programa de Formação Profissional Tecnológica (ProfiTec), da Universidade Estadual do Maranhão (Uema) – Campus Coroatá, desenvolveram uma bengala inteligente de detecção de obstáculos, projetada para ampliar a autonomia e a segurança de pessoas com deficiência visual.

O dispositivo, fruto do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) dos alunos Milton Rodrigues Ribeiro, Rafael da Silva Sales e Francivaldo Sousa Reis, utiliza sensores ultrassônicos, um microcontrolador Arduino, motor vibracall e buzzer acoplados a uma bengala dobrável tradicional de alumínio para detectar obstáculos a diferentes distâncias e alturas, emitindo alertas sonoros e táteis que orientam o usuário durante o deslocamento.

O projeto foi orientado pelo professor do Departamento de Engenharia Mecânica da Uema, José Pinheiro de Moura, e representa um exemplo de inovação tecnológica e social com baixo custo de produção, o protótipo foi construído com investimento inferior a R$ 200 em recursos tecnológicos adicionados à bengala.

“O desenvolvimento da bengala inteligente representou um desafio no que diz respeito a software e hardware embarcados, pois exigiu a conciliação de um baixo custo de produção com a necessidade de um dispositivo de desempenho robusto e confiável. O software precisou ser otimizado para superar algumas limitações do hardware de baixo custo. Assim, o projeto demonstra que é possível aliar o desenvolvimento de tecnologia assistiva de alto impacto social a uma arquitetura de software e hardware eficiente, entregando um produto final seguro e acessível”, contou o estudante Milton Ribeiro.

O professor José Pinheiro explica que o dispositivo foi pensado para atender diferentes perfis de usuários com deficiência visual e auditiva.

“Essa bengala possui sensores que detectam o obstáculo e atuadores que vibram e emitem som de alarme quando o usuário se aproxima dele. Ela foi pensada tanto para pessoas cegas quanto para aquelas com deficiência auditiva associada, emitindo alertas diferentes conforme a distância do objeto. Trata-se de uma solução simples, acessível e altamente funcional”, explicou o professor José Pinheiro.

Ele acrescenta que o grupo pretende patentear o projeto. “A ideia é patentear o projeto e registrar o software. O grupo desenvolveu toda a programação no Arduino, enfrentando desafios técnicos como o posicionamento dos sensores e a autonomia da bateria, e conseguiram excelentes resultados. É um trabalho de relevância científica e social, digno de pesquisa em nível de pós-graduação”, destacou.

Um dos autores do projeto, o estudante Francivaldo Sousa, que é cego, utilizou sua experiência pessoal para contribuir com o aprimoramento da bengala.

“A ideia surgiu nas aulas de automação, quando pensamos em criar algo que melhorasse a mobilidade das pessoas com deficiência visual. A bengala tradicional não detecta obstáculos acima do nível do solo. Com a bengala inteligente, o usuário é alertado antes mesmo de esbarrar, pois ela vibra e emite sons conforme a distância do obstáculo”, contou Francivaldo Sousa.

Para ele, a proposta também representa acessibilidade financeira e inclusão.

“Essa bengala é de fácil uso e baixo valor, permitindo que qualquer pessoa com deficiência visual possa ter acesso a um recurso que aumenta sua independência. Hoje, sinto que cumpri o propósito que estabeleci quando entrei na Uema: ajudar outras pessoas com deficiência por meio da tecnologia”, completou o estudante.

O grupo e o orientador já estão providenciando o registro do software e a patente da bengala, além disso pretendem agregar novas funcionalidades ao projeto.

“Nosso próximo passo é aprimorar o dispositivo, incluindo um botão de emergência capaz de enviar a localização geográfica do usuário em tempo real a contatos de confiança, ampliando ainda mais a segurança. Depois que a gente tiver a patente, pretendemos buscar parceiros para tornar isso replicável”, afirmou José Pinheiro.

Por Débora Souza



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